NÃO à Seleção de bolsistas para atuarem como Tradutores e Intérpretes de Libras em contexto Educacional
No dia 19 de fevereiro de 2020 chegou a conhecimento da Associação de Profissionais Tradutores e Intérpretes de Libras do Acre – ASTILEAC, que a Secretaria Estadual de Educação estaria realizando a seleção de estagiários para atuar como tradutores e intérpretes de Libras com alunos surdos dentro das escolas estaduais. Prontamente, Cristiane N. Nogueira, Presidente da Associação convocou o diretor regional norte da Febrapils, John Lima, e o presidente do Fórum Estadual das Entidades que lutam pelos direitos das pessoas com deficiência para reunir com a Chefe da Divisão de Educação Especial para averiguar a situação.
“Sabemos que a profissão do Profissional Tradutor Intérprete é uma profissão que exige preparo e formação condizente com as atribuições e funções desempenhadas por este profissional, não cabendo assim estagio de formação que não seja de área afim a tradução e interpretação.”
A nota técnica da Federação Brasileira das Associações de Profissionais Tradutores Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais – FEBRAPILS, ao qual esta Associação é filiada, que discorre sobre a importância da realização de avaliação/seleção/acompanhamento de tradutores e intérpretes de Libras deve ser por meio de banca com profissionais especializados, incluindo surdos, e em parceria com esta Federação. Ainda de acordo com o referido documento, a realização de uma banca examinadora em um processo seletivo possibilita a seleção de profissionais com proficiência e competência tradutória, visto que ao traduzir e interpretar em determinado contexto, o tradutor e intérprete lança mão de estratégias linguísticas e culturais específicas de acordo com o discurso e contexto situacional, o que exige a mobilização de competências tradutórias e interpretativas, aferidas através da realização de uma atividade prática.
Para tanto, as bancas de avaliação e/ou certificação de proficiência em tradução/interpretação em Libras devem contemplar a presença de professores ou tradutores e intérpretes surdos, além de TILS formadores, para que, assim, seja viabilizada a seleção de profissionais com as competências necessárias à atuação em todo e qualquer contexto, em especial, o educacional. Além do mais a realização do exame prático para averiguar nos candidatos ao cargo a existência dos atributos essenciais à atuação do tradutor e intérprete de Libras que não podem ser verificados meramente por meio de uma análise documental ou, ainda, somente por meio de um exame de cunho teórico. Assim, a realização do exame prático se torna essencial na garantia da lisura e eficiência do processo seletivo, bem como a isonomia entre os candidatos que concorrem às vagas.
Dessa forma, a ASTILEAC e Febrapils se posicionaram contra o processo de seleção corrente, alertando a gestão da Secretaria de educação quanto aos riscos e prejuízos trazidos pela realização de uma seleção naqueles moldes. Assim, a seleção foi suspensa!
Dessa forma, levantou-se ainda mais questões que necessitariam de repensar não só sobre a contratação de Tradutores e Intérpretes de Libras, mas também sobre a sua atuação em sala de aula. A luta pela valorização da profissão segue a diante, e de forma alguma, seremos coniventes com atos que contribuam para a precarização da profissão. Iremos até onde for necessário!
John Kenede Batista Lima
Diretor Norte da Febrapils