CARTA ABERTA COM RECOMENDAÇÕES AOS TILS E GIs SOBRE COVID-19, O NOVO CORONAVÍRUS

CARTA ABERTA

Brasil, 18 de março de 2020

Aos Tradutores, Intérpretes, e Guia-intérpretes de todo o país a respeito da COVID-19 – novo Coronavírus.

Prezados e prezadas,

A Federação Brasileira das Associações dos Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guia-Intérpretes de Língua de Sinais – Febrapils – é uma entidade profissional autônoma, sem fins lucrativos ou econômicos, fundada em 22 de setembro de 2008. Temos a função de orientar, apoiar e consolidar as Associações de Tradutores, Intérpretes e Guia-intérpretes de Língua de Sinais (APILS), buscando realizar um trabalho de parceria em defesa dos interesses da categoria de tradutores, intérpretes e guia-intérpretes de língua de sinais (TILS). Portanto, tendo em vista:

  1. A recomendação do boletim  Epidemiológico nº05 do Ministério da Saúde que trata da classificação para Pandemia e dá outras orientações;
  2. O Boletim epidemiológico V.51 Nº4 Conselho Nacional das Secretarias municipais  de saúde, que orienta sobre o novo Coronavírus;
  3. A recomendação da Anvisa, por meio do site do Ministério da Saúde sobre prevenção e cuidados diante do novo Coronavírus;
  4. Recomendações em conformidade com a  Legislação em Segurança do Trabalho – NR6 – Norma Regulamentadora 06;
  5. Os relatórios da Organização Mundial de Saúde – OMS e do Ministério da Saúde .

A Febrapils, juntamente com as instituições signatárias deste documento, solicita que sejam feitos o máximo de esforços no sentido de viabilizar, sempre que possível, as seguintes orientações. Assim, recomendamos que:

1. Os serviços de interpretação sejam prestados por videoconferência através de softwares de vídeo-chamada, ou ainda, por aplicativos de dispositivos móveis com acesso à internet.

2. Nos casos em que o atendimento presencial for imprescindível, que haja diminuição do efetivo, através de uma escala e revezamento de pessoal, evitando a exposição desnecessária dos profissionais à ambientes/pessoas potencialmente contaminados.

3. Aos profissionais que estiverem em situação de interpretação/tradução fora de seus domicílios, recomendamos que, antes de iniciar e ao final da sua produção em língua de sinais, higienizem suas mãos lavando-as com água e sabão, ou caso não seja possível, com álcool em gel 70%, principalmente, em situações de guia-interpretação.

4. Durante a produção em língua de sinais, evitem tocar com as mãos em pontos  de articulação localizados nas regiões da face. Mas que, preferencialmente, desloquem os sinais para que sejam realizados em pontos de articulação próximos, mas sem o contato direto com a boca, nariz, testa, ou a região dos olhos.

5. Aos profissionais tradutores Português/Libras da área midiática, recomendamos que, em comum acordo com as empresas contratantes, realizem a preparação para interpretação ou tradução (estudo prévio dos textos e vídeos) em seus domicílios, via sistema, sendo necessário o deslocamento apenas para gravação do conteúdo, reduzindo assim o tempo de exposição a ambientes de estúdios ou similares. Ressaltamos ainda a importância da negociação na autorização da empresa contratante e formalização do contrato de confidencialidade.

6. Aos profissionais que estiverem em situação de interpretação em unidades de saúde/hospitalares, reiteramos que torna-se imprescindível a higienização com lavagem das mãos, utilizando sabão, antes de iniciar sua produção em língua de sinais e posteriormente, ao término da produção, evitar tocar com as mãos na região da face, como boca, nariz, ou a região dos olhos, bem como evitar tocar superfícies como mobiliários hospitalares, papéis, ou aparelhos.

7. Em ambientes hospitalares, cabe a instituição fornecer ao TILS ou GI os mesmos Equipamentos de Proteção Individual – EPIs ofertados aos profissionais da saúde, em conformidade com a NR6[1]: máscaras, luvas, óculos. No caso da medição linguística com pessoas com surdocegueira, faz-se necessário o uso do avental ou capote, visto a presença de contato físico direto, a exposição à gotículas de saliva, e outros fluidos corpóreos.

8. Em relação à guia-interpretação, recomenda-se uma atenção especial na higienização das mãos, sendo realizado sempre que possível com a pessoa com surdocegueira, guia-intérprete, e apoio. A bengala utilizada por surdocegos também deve ser constantemente higienizada.

9. Dependendo da forma de comunicação, recomendamos que tanto o guiaintérprete quanto a pessoa com surdocegueira, utilizem máscaras e luvas e que, se possível, evitem o toque no braço, antebraço e mãos da pessoa com surdocegueira, adotando outras estratégias de comunicação.

10. Se possível, evite realizar sinais táteis no rosto da pessoa com surdocegueira, e/ou do próprio guia-intérprete, recomendamos o uso de estratégias de interpretação, por exemplo: substituição da cabeça do sinalizante pela mão em configuração semelhante à letra “B”, e/ou a redução articulatória.

11. No caso de comunicação em campo reduzido, recomenda-se uma distância de, no mínimo, um a dois metros da pessoa com surdocegueira, dependendo da necessidade de comunicação dos usuários.

12. Uma das responsabilidades do guia-intérprete, é comunicar a pessoa surdocega, a aproximação de uma outra pessoa, ou o ambiente que está sendo inserido. Ressaltamos a importância das informações e descrições pessoais, se o indivíduo está espirrando, com coriza ou tossindo. Essas informações podem ser transmitidas, de uma forma discreta, por meio da Comunicação Social Háptica (para aquelas pessoas que conhecem alguns toques e sinais).

Atenção: Visando a saúde e bem estar de todos, a Febrapils vem alertar aos Tradutores, Intérpretes e Guia-intérpretes a respeito dos relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde,  que, até o momento, as formas mais graves da doença têm se manifestado em populações já reconhecidamente vulneráveis à Covid-19, são eles: idosos, diabéticos, hipertensos, pessoas com insuficiência renal crônica, pessoas com doença respiratória crônica, imunodeprimidas.

Por último, a Febrapils reitera que torna-se fundamental que os TILS e GIs, conscientes de sua responsabilidade social, contribuam para o esclarecimento da Comunidade Surda, através da Língua de Sinais, munidos de informações de fontes confiáveis sobre como evitar o contágio e reduzir os prejuízos trazidos pela COVID-19, o Coronavírus.

Atenciosamente,

Para baixar este documento em pdf, clique aqui

COLABORARAM NA PRODUÇÃO DESTE DOCUMENTO:

Fernando de C. Parente Jr. – Tradutor, Intérprete e Professor. Presidente da Febrapils.

Lenildo Souza – Tradutor, Intérprete. Presidente da AGITE-RJ. Diretor da Febrapils: Região Sudeste.

Regiane Pereira – Tradutora, Intérprete, e Guia-Intérprete. Diretora Adjunta da Febrapils: Região Sudeste.

Tiago Batista – Tradutor, Intérprete. Membro da AGITE-RJ.

Emanoela Bezerra de Araújo – Enfermeira, Intérprete – Especialista em Enfermagem do Trabalho, Enfermeira/Intérprete voluntária da CBDS – Confederação Brasileira de Desportos de Surdos .

 

REFERÊNCIAS:

Boletim Epidemiológico  Ministério da Saúde: http://maismedicos.gov.br/images/PDF/2020_03_13_Boletim-Epidemiologico-05.pdf

Organização Mundial de Saúde/ Brasil: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6101:folha-informativa-novo-coronavirus-2019-ncov&Itemid=875

Portal do Governo federal –  https://coronavirus.saude.gov.br/

Portal da Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ – https://portal.fiocruz.br/noticia

Portal da Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ- https://portal.fiocruz.br/noticia/fiocruz-acompanha-situacao-do-novo-coronavirus-no-brasil

Portal da Secretaria do estado de Saúde de São Paulo: http://www.saude.sp.gov.br/ses/perfil/cidadao/homepage/destaques/perguntas-e-respostas-tire-suas-duvidas-sobre-o-novo-coronavirus

Recomendações em conformidade a Legislação em Segurança do Trabalho – NR6 Norma Regulamentadora 06 – https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-06.pdf


[1] NR6.1: Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora – NR, considera-se Equipamento de Proteção Individual – EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.